Baile de máscaras

Difícil é mudar. Mudar de jeito, mudar de amigos, mudar de pensamentos e idéias. Deixar de ser o que você sempre foi até hoje, e se transformar em algo novo e distante. Um fututo paradoxal que fará bem a você, mas enquanto ele não chega, o medo faz as coisas ficarem ainda mais difíceis. O medo de fazer errado, de perder o quase nada que você ainda tem, o medo de se perder no meio de tantas caixas.

É preciso. Só mais uma necessidade básica de qualquer ser humano. Ninguém te avisou que seria tão difícil e doloroso. Ninguém te avisou que você teria que morrer para poder nascer de novo e continuar com o ciclo. Não existia nenhum luminoso avisando que ao longo do caminho vc iria cair, sangrar, quase morrer. Eu cheguei até aqui, mas quero desistir.

A força não parece ser o suficiente para lutar com o desconhecido. Esse mar de concreto, de tantas possibilidades. Essas luzes que ofuscam o lado certo, esses gritos que me mandam ao lugar errado. Coloco o travesseiro em cima da cabeça. Tento gritar mais alto que eles. Arranco a força os demônios que vivem fazendo o difícil ficar ainda pior.

Cada vez que me olho no espelho, o meu olhar se perde. Não enxergo menina nenhuma, não enxergo resquícios de uma pureza perdida. Olho dentro dos meus olhos, com medo de ver a verdade que está lá. Menina perdida. Princesa triste. Puta apaixonada. Não reconheço os meus olhos em nenhuma das máscaras.

Seja inteligente como todos os outros! Cubra o seu rosto. Troque de máscara conforme a música muda. Nunca deixe os outros te verem como você é. Não se olhe no espelho, esqueça que existe carne, espírito e sangue embaixo dessa máscara. Seja para sempre aquela que baila entra os outros mascarados.

N.