Sunday, March 06, 2005

Ir embora

Passam-se as horas. Passam-se os dias. Tudo continua igual, aquele marasmo de sempre. São Paulo sempre foi um lugar muito bom para se morar, agora não é mais. Tudo se transformou e mudou de face quando a minha vida entrou em estado de mutação.
Cidade de pessoas desesperadas, de mendigos, de miseráveis. Cidade de máscaras, silicone, mentiras. O ar que mata, a vida que mata, esse lugar funciona em mim como um veneno que aos poucos me intoxica e apodrece todos os meus órgãos.
Vou vender o meu fígado ao mercado negro, pegar o dinheiro e sumir, sem deixar rastros. A vida transformada pede por novos ares, novas paisagens, novas pessoas. Tem que ser completo senão não funciona, não dá certo comer só as bordas e deixar o meio intacto.
Essa cidade e eu não combinamos mais. Nosso relacionamento sempre foi baseado em mentiras, que agora foram descobertas e jogadas no esgoto.
Preciso ir embora. Dinamitar o passado. Receber o futuro de braços abertos.
Não consigo mais esperar, não posso. O prazo de validade está vencido. Tudo estragou, tudo. Não posso ficar aqui olhando, assistindo de camarote os meus sonhos apodrecerem e virarem pó. Retornarem ao pó antes de estarem mortos. Antes do ciclo chegar ao fim. O fim quer chegar antes de tudo acabar. Só me resta lutar. Enquanto eu escrever eu vou estar viva, enquanto eu estiver viva eu vou estar lutando.

N.

2 comments:

Anonymous said...

Pessoas são infelizes.
Em são paulo.
Em maceió.
Na Noruega.

Existe alguma saída ?

Anonymous said...

fuja pra mim. são 9 e 25 e você disse que ficaria até às 10. metiu. por que eu tô pensando tanto em você hoje? me apaixonei pela sua voz.