Perfil introspectivo

Ando com medo de tudo; do escuro, do amor, da solidão, do medo. Medo de verdade. Aquele que grita, que corta, que mata. Espera-me sair de casa e ataca, com garras afiadas, a esperança de um dia melhor.
Consigo ouvir meus pensamentos mais silenciosos e inocentes. Sinto na minha pele as marcas e na minha alma a dor. Coloco a música mais alta, grito até minha garganta sangrar; os sussurros continuam ao pé do meu ouvido, dizendo verdades imensuráveis.
Sorrio para o mundo quando o mundo vem até mim. Riu de todos quando todos riem de mim. Mas abaixo logo a cabeça, meus olhos estão cheios de lágrimas. Felicidade pequena que logo se tranforma em pranto. Tenho medo do amanhã e de todos os monstros que me espreitam.
Abro a janela e vejo um mundo que não me pertence. Pessoas na sala assistindo televisão, jovens bebendo e cheirando uma carrera, namorados trepando e gozando uns nos outros. Todos sendo felizes, um mundo paralelo que está sempre ao meu lado, ao toque da minha mão. De tão perto está longe e fora do meu alcance. Nunca será meu, e eu nunca serei dele.
Passei tempo demais imaginando. Tempo perdido nos sonhos perfeitos, com mundos perfeito, com um eu perfeito. Voltaria a dormir se tivesse tempo, dormiria para sempre e a cada sonho seria o melhor de cada eu.
Múltiplas personalidades, pessoas tão diferentes moram dentro de mim. É um conflito interno, cada um querendo se sobressair, colocando-me enfim em segundo plano. Não consigo segurar o grito, e o que que tem de mais em gritar? Não consigo segurar as lágrimas, a única coisa que me resta é chorar.
São as palavras baixas e belas, que por vezes elevam a minha alma a algo importante, de imenso valor. Não só palavras; sangue, alma, lágrimas e sorrisos.
Um pouco de mim derramado em você.

N.