Devaneios

Um, dois, três, quatro, cinco.
Quando as coisas começam a desandar todo o resto vai junto.
Seis, sete, oito, nove, dez.
Não dá para ficar sendo feita de idiota o resto da vida.
Onze, doze, treze, quatorze, quinze.
Só uma novidade para você, eu nunca fui feita de idiota e essa não vai ser a primeira vez.

O mundo todo passa a conspirar contra você. As folhas só caem em cima da sua cabeça e o vento só sopra quando você acabou de arrumar o cabelo. O copo está metade vazio.
As vozes são tão altas que fazem você querer ficar surdo. O silêncio é tão vazio que você implora por gritos.
Nada dá certo, deveríamos aprender.
Os amores já vem todos estragados, com a data de validade vencida, e por mais que esteja na cara você precisa ter uma indigestão outra vez.
As festas de ontem todas aconteceram hoje. São apenas retratos tirados por um fotógrafo anônimo que mostram as poses de sempre.
Estamos todos esperando por uma reviravolta que mudará o rumo da nossa vida. Se soubessemos que o novo caminho será sempre o pior quem sabe passassemos a procurar sozinhos.
Nasci para quebrar a cara, para bater com a cabeça na parede e só parar quando os sentidos me faltam.
Nunca vou aprender a parar antes de quase morrer.
Que bom, a vida não teria graça se eu fosse sensata.

N.