Minha vida por Tarantino

Minha vida era uma mistura de novela mexicana com Tarantino. Aquelas histórias absurdas onde as lágrimas parecem não acabar e quando o vilão está finalmente morto acontece uma reviravolta no além e todos voltam- todos por que um só querendo me matar é micharia, tragédia pouca é besteira. Com o tempo eu me acostumei e passei a não ligar tanto para os aviões de brinquedo, pilotados por soldados de chumbo batendo na minha janela.
De uns dias para cá as coisas pioraram. Não são tragédias que acontecem, são apenas coisas absurdas que deixariam qualquer diretor de programa sensacionalista de cabelos em pé. Me encontro em um inferno astral quente demais, infestado por desodorantes vencidos e perfumes azedos.
Pessoas pisando no meu pé. CDs tão perfeitos riscados. Insônia atraindo falta de qualquer tipo de entreternimento- e olhem que eu não sou muito exigente, ando aceitando até cabarés de faro oeste com aquelas portinhas que rangem.
Não, eu não estou triste. Não é nada disso. O fato é que, sem me perguntarem nada antes, alguém transferiu a minha realidade teoricamente normal para uma cidade cinematográfica onde tudo é possível. Negrito no tudo.
Então, se você for um diretor maluco ( no bom sentido é claro ) a procura de um roteiro perfeito é só entrar em contato.
Onde? Ali entre Dogville e a cidade do Haloween.