Eu não quero saber quantas esfihas você comeu com a sua namoradinha loira e sem graça. Não quero te ver andando pela rua exibindo um sorriso estúpido no rosto, aquele sorriso de quando é forçado. Não quero saber da sua vida, não quero que ela volte a fazer parte da minha.
São Paulo é a maior cidade de país, como uma caveira lotada de vermes que começam a sair pelos olhos e pela boca. As ruas estão cheias, os ônibus estão cheios. A possibilidade de encontrar alguém assim, sem querer, é mínima. Mas eu te encontro em todos os cantos. Estampado na minha parede- ainda não tirei as suas fotos de lá-, cicatrizando dentro de mim, esbarrando comigo na rua, me chamando para sair com você e com a sua namorada loira e sem graça.
Faz parte de mim tudo o que nós passamos, o nosso passado me fez crescer em todos os sentidos, eu aprendi muito com você e com os seus erros, com os nossos. As pessoas vivem caindo, se espatifando no chão. Algumas ficam por lá, outras levantam mas de um certo modo continuam desacordadas. A minha queda foi de muito alto, cheguei até o topo e iria mais longe se você não tivesse se borrado e desistido.
Estava observando o resto do mundo, apenas formigas insignificantes lá de cima, quando algo me puxou para baixo e eu me vi em queda livre. Meu estômago chegou ao meu cérebro, meu útero disputou espaço com um dos meus pulmões. Caí do lugar mais alto que já havia chegado, cai no chão como um corpo morto, mas ainda com vida. Ficou assim até que outro alguém me acordasse, me ajudasse a levantar e me tirasse dali.
Enquanto eu retomava a minha vida não tinha a menor idéia do que você estava fazendo com a sua. Desapareceu do mapa, fugiu de mim, fugiu de você mesmo; mas nós dois sempre soubemos, fugir não resolve nada e a sua vida estava te chamando de volta. Seriam só algumas palavras para colocar um ponto final em toda a nossa história; seria apenas um pequeno gesto e a página estaria virada. Mas você não conseguiu, o seu lado que sempre foi e será meu não te deixou largar a mulher da sua vida.
Não consigo ignorar as palavras mais sem sentido que você já me disse. Palavras que as vezes consigo ouvir mais uma vez, e que imploro para que seja a última. Você me protegia do escuro, dos monstros de debaixo da minha cama. Dormia abraçado comigo nas noites de chuva, via os filmes de terror e dizia que apesar de ser tudo mentira você estaria ali se algum daqueles vilões viessem me pegar. Eu tinha medo de tudo mas você que foi o maior covarde.
Eu sei, você não me perguntou nada, nem muito menos pediu um conselho mas eu tenho que falar, para colocar um ponto final e deixar os fantasmas seguirem em paz para o inferno. Não tenha medo de amar, querido. Nunca mais vá embora quando começar a perceber que está se entregando; nunca mais procure um amor gelado para fugir das chamas de um outro. Você não é como eles, nada o fará ser assim. A única coisa que você faz é se encolher, você é grande demais para esse lugar. Grande demais para essas pessoas, apaixonado demais para essa falta de paixão.
Conversávamos sobre isso e eu sei que não eram só mentiras. Você ama como eu e vai se foder até achar o que tanto procura. Então não pare de procurar, não se prenda a pessoas que não tem nada a te oferecer. Procure pelo seu grande amor, e enquanto não o achar continue procurando, não é vergonha nenhuma tentar.
Vergonha é ser especial como você e ficar tentando ser comum.Já te disse isso um milhão de vezes e vejo que você continua sendo o mesmo covarde que me abandonou sozinha na porta de casa. A prova disso é a sua nova namorada, loira e sem graça.
Por isso eu digo, não quero saber do amor pequeno e frio que você sente por ela. Não quero ver umas das pessoas mais fodas que eu já conheci se anulando desse jeito, se escondendo do resto do mundo e fugindo de si mesmo no meio de pessoas que não tem nada a te oferecer a não ser paixões empacotadas e frases ensaiadas.
Não se anule, querido. O mundo está cheio de gente, pessoas pequenas.
O mundo está cheio de gente, mas o que me importa é você.
[ Post velho, com algumas mudanças. ]
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
No comments:
Post a Comment