Love.doc

Posso sentir a terra preenchendo o vazio que paira sobre o meu corpo. O peso de mil amores pesa em minhas costas. Agulhas furam-me todo o corpo e envenenam-me de culpa.

Apenas Allan Poe me entenderia essa noite.

Não foi minha a escolha, mas as conseqüências serão. Alimento-me desse veneno que me mantém viva por mais tempo. Preciso- suspiros invadem a noite - de razões maiores do que o ser e o estar. Preciso de você. E nessa madrugada de calor tórrido me contentaria com qualquer pedaço seu.

Essa luz branca e fria me cega. Desvio-a de meus olhos e agora o escuro me incomoda. Você, só você pode tirar de mim essa mistura de sensações. O amargo da minha boca, o aperto no meu peito, o lugar vazio onde batiam antes meu coração e minhas esperanças. Mas não pode. Não podemos obrigarmo-nos a algo fora de nossa vontade.

Você não pode querer- sem querer- me ter. Eu não posso esquecer o amor- apenas meu- que sinto.

Lágrimas imbecis são essas que correm pelo meu rosto. Lágrimas imbecis que apagam-me e eu- aos poucos- desapareço. Apenas isso faz sentido nesse dia- que não mais sei se ainda é dia, meus olhos não enxergam nada além dessa tela e de seu rosto tão perto e intocável.

Minhas necessidades me matam, meu bem. Minha necessidade que por ser apenas uma torna-se impossível. Queria por um momento fechar os olhos e te possuir em sonhos. Queria nunca mais acordar. Mas meus olhos não me pertencem e tudo que é meu me escapa por entre os dedos.

Estou limitada a querer. Nessa vida que escolhi por entregar-me ao amor sinto-me fadada apenas as lágrimas. Lágrimas que ainda correm.

Eu que ainda desapa...

[ reço. ]

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Como funciona? Exorcisando a dor.