Friday, August 12, 2005

[ O relógio parou ]

Quanto tempo passou desde que senti o seu gosto na minha boca, aquela explosão de porra doce, eu não sei mais dizer. Dias, horas, minutos e anos. O tempo perde a razão de ser e a luta não termina.

Luta: Combate diário contra o corpo que ainda necessita de você.
Disseram-me uma vez que o tempo apagará cada uma das feridas. Sinto em meu sangue quente que nenhum deles jamais conheceu você.
Não como eu conheci.
Diz que sou parte integrante da sua história. Quero ser a história, cada linha, todo o livro. Amar cada canto do seu corpo, cada palavra e silêncio. Ser plena em tudo.
[ Quase tudo.]
Esse espelho que observo devolve-me uma imagem opaca. Não seria eu essa que observa-me de volta e imita os meus gestos. Enxergo-me em você, não mais em mim.
Teço linhas que tomam vida e penso em entregá-las à você. Tudo que era meu dividi e nada mais é de minha posse.

Quanto tempo passou eu já não lembro mais. Assisto o seu sono tranqüilo, não é mais senhor de todo o amor que mantenho guardado em meu corpo.
Cuspi cada gota que tampava-me a garganta. Espera um pouco... Você verá que a razão de estarmos aqui inexiste e precisamos fugir a tempo.
Durma o seu sono.
Eu preparo as palavras. Aquelas que agora podem ser faladas, minha garganta já obedece-me piamente.

[ Espere... ensaio.]

2 comments:

Anonymous said...

O template está mais comportado, mas os textos continuam ousados e envolventes =P

Miro said...

meus olhos doem ao depararem-se com essa dela brilhante, devido a tal fato estou incapacitade de ler. há, mas isso ainda é um comentário e eu te amo.