Thursday, September 08, 2005

Estupor

Ajoelhei-me diante do altar. Sob meus joelhos pude sentir pequenos grãos machucando-me a pele. Olhei para baixo e vi o sangue rubro começando a manchar minhas meias. Estava sendo castigada pela consciência plena.

Nada senti além da dor. O ouro dos castiçais e a beleza barroca do santos me embeveciam os olhos mas meu coração continuava intacto. Toda aquela fé cega não me importava. O que eu precisava era de amor.

Além das razões da carne e depois do êxtase dos músculos. Precisava de algo divino; puro e simples. Algo como a primeira crença humana, sem fios a manipulando. Em um igreja não encontraria, mesmo assim deixei o meu corpo inerte naquele banco.

A dor sumira enquanto a minha mente vagava. Por todo o mundo, em tantas vidas. Entre a castidade e o pecado procurava o primeiro sentido da palavra amor.

Passar toda uma vida mastigando significados inventados não era suficiente. Junto aos meus órgãos, sangue e alma podia sentir a busca pela essência primitiva.

Continuar viva não soava coerente. O amor que me movia de repente soou uma mentira.

Era preciso.

Novos horizontes antes mesmo do sol nascer.

2 comments:

Anonymous said...

Naty, amei este texto.
Mesmo, mesmo(seu jeito de falar, mas tudo bem.)
Bom, é somente isto.
Realmente muito bom.
Continue assim.
Aqueelas.
Beijos.

Anonymous said...

Ótimo texto!
Mesmo, mesmo =]