Friday, September 02, 2005

Parágrafo, exclamação!

Estava sentada no parapeito da janela. A cúpula de uma igreja, uma casa de janelas seladas, o céu azul e o ar puro. Meu pulmão, apesar de toda fumaça de tantos cigarros, ainda conseguia sentir aquele cheiro de sol de inverno.

Tomava café em um xícara que ele havia me dado há algumas semanas. 'Eu te amo' escrito em letras gorduchas que desviavam-se dos corações vermelho sangue que percebi outrora contrastavam com o meu esmalte.

Minha cama desfeita aperfeiçoava o quadro. Se tivesse eu qualquer talento com pincéis, eternizaria aquela cenário que, sem nenhum por quê, fazia-me sentir cheia de vida.

Imaginava o que estaria fazendo naquele momento. Se dormia, se sonhava, se escrevia ou se aspirava também por novos ares.

Teria chegado bem em casa na noite passada?

O filho da puta me desviava de tudo. Tinha coisas a fazer, precisava arrumar as malas, ir embora, voltar para casa. Um rol de compromissos que pareciam todos tolos. Ficar ali, olhando o céu e supondo coisas, era mais urgente do que o mais urgente dos compromissos.

Queria ser o seu perdão. Cada remorso, cada ódio. Ser útil para algo em sua vida enquanto você já me é de total ultilidade. Os meus pulmões não funcionariam, meu coração cansaria-se de bater. Sei que não morreria mas levaria uma vida vazia, como aquelas noites de verão quando pode-se ver deixando o asfalto o calor que o sol deixou para trás.

De alguma forma compensar-te por todo o bem. Toda a vida. Tudo.

Já te dei flores, presentes, sexo e amor. Já me entreguei como nos filmes, nos livros, nas melhores óperas da cidade.

Algo há de me cruzar a cabeça e parecer tão óbvio que é aquilo que preciso fazer.

Agradeço e espero pela sua compensação enquanto isso...

[ Espero ]

1 comment:

Anonymous said...

que deus abençoe a naty, pq ela escreve maravilhosamente bem!
um beijo gata, com amor e flores.