Sozinha em lugar nenhum

Sempre esperando pela continuação dessa história.
Tudo caiu sobre mim. Todos os dias bons foram apagados da minha memória, só consigo lembrar das lágrimas que enchiam os meus olhos. Meu sofrimento mudou de cor, mudou de forma, mudou dos motivos idiotas para os motivos reais. Não consigo ainda saber se aquela época era boa ou se era eu que me contentava com muito pouco.
Que saudade de mim. A vontade do tempo voltar não existe pelos outros, existe por mim. Era uma felicidade simples, que dependia da pessoa que eu era e não de todos os outros que viviam ao meu redor. A minha vontade bastava para fazer o mundo ficar rosa e a dor desaparecer. Tudo acontecia pelo meu querer, agora isso só já não basta.
Egoismo. Não me importa o resto da humanidade, não me interessam as suas lágrimas ou as suas dores, fico só olhando para dentro de mim onde as coisas ficaram sem vida. Escrevo por mim, choro por mim, grito pela minha vida. Vida que é boa, vida que eu construia até tudo fugir do meu controle. Não depende das minhas vontades, não depende de mim, agora é um fator externo que determina o meu próximo dia. O sol não sai, a lua fica encoberta pelo poluição da minha alma. Meu coração bate e o meu cérebro funciona, ambos por medo de parar e jogar a toalha.
Tenho medo de mim mesma e do presente que construi, não pelas minhas ações, não pelos meus credos, mas pelas decisões tão erradas que tomei ao longo do caminho.
Continuar andando sempre em frente, sem nunca olhar para trás. Opção que tomei na hora em que prefiri o coração ao cérebro. As lágrimas a indiferença. Os outros a mim.
Revi minhas prioridades e revi tudo errado. Agora sou eu e mais ninguém contra as pedras lançadas na minha direção. Sou eu contra o resto do mundo.
Sou eu e a minha vida. Incógnitas e paradoxos. No fim as lágrimas serão minhas, os gritos serão só meus.
Serei eu.
Eu e mais ninguém.

N.