Ela nasceu com alguns problemas cardíacos, nada que importasse muito, seu coração batia rápido demais. Ninguém ligou, ninguém levou a sério, os médicos disseram que sem fortes emoções ela teria uma vida saudável e feliz. Meio contraditório para uma garota que estava ali fazendo um estágio, tinha 20 anos e aos seus ouvidos viver sem grandes emoções era impossível a não ser que aquela menina tivesse uma vida regada a ópio e continuidades. Ninguém a ouviu, na verdade ela nem ousou falar, aqueles médicos cheios de PHDs deveriam saber o que estavam falando.
Passou o tempo, a menina cresceu. Tinha sete anos e brincava de gangorra com um menininho lindo, com olhos verdes, sempre arrumado, sem o nariz escorrendo ou a roupa suja como todos os outros sempre estavam. Gostava dele, o achava bonito, o achava legal, adorava brincar de gangorra com o menino mais perfeito do parquinho. Eram amigos e sempre estavam juntos. O que ela mais queria era namorar com ele, mesmo ainda não sabendo direito o que namorar significava.
Uma tarde de outono, o sol se pondo, as folhas das árvores caindo. Um cenário perfeito para um primeiro amor. Menininha e menininho brincavam juntos, dessa vez de balanço. Cabelos ao vento, risadas exageradas.
Ele parou, ela também. Garotinho de olhos verdes, garotinha de olhos marrons.
- Hummmm, Sofia, eu queria fazer uma coisa...
- Faz Arthur!
Sentou-se na ponta do balanço, reclinou seu corpo e a beijou.
Ninguém a tinha avisado sobre nunca viver emoções intensas demais. Ela morreu. Morreu muito feliz, com o seu momento mais lindo eternizado no tempo.
Foi enterrado ao lado da estagiária que descobriu um pouco depois, também tinha problemas com o coração.
N.
Wednesday, April 20, 2005
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2 comments:
é por isso que eu te amo.
onde você se meteu?
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