Monday, April 25, 2005

Rotina

Era um dia qualquer, só mais um entre tantos que começam quando o meu despertador toca e acaba quando finalmente consigo fechar os olhos. A monotonia de sempre já estava me dando no saco. Você pode ser a pessoa mais preguiçosa do mundo, pode ser uma daquelas que não precisam de novidades nunca, uma hora o saco enche e você começa a surtar.
Eu comecei logo de manhã. Segunda feira, dia de merda. Ainda sonho quando um apito estridente e muito, muito chato começa a buzinar no meu ouvido. Sou arrancada de um lugar bom – sempre sonho com coisas boas, pesadelos são bem raros – e jogada em um chão frio, rodeada de pessoas estúpidas que gritam já as 7 da manhã. Depois de alguns minutos encarando o relógio e tentando frustradamente fazer os ponteiros voltarem e ser madrugada de novo eu me levanto, bem tonta, e começo a colocar o uniforme, do mesmo jeito que faço todas as manhãs. Tudo muito mecânico. Café, cigarro, livros jogados pelo chão, chave, porta e rua.
RUA
O sol me cega e eu sou quase atropelada todos os dias. Um pé na frente outro atrás, eles vão se revezando e me levam pelo caminho de sempre. Todas as manhãs encontro as mesmas pessoas. Rostos com sono, cada um com sua vida. Ainda é de manhã e eu já sinto uma tristeza imensa por precisar ir até aquele lugar podre, nojento, burro e normal. O segredo é esquecer de tudo, trancar-me no meu mundo que é muito mais simpático. As vezes vozes altas demais me puxam de volta ao mundo e eu tenho que fazer uma força imensa para voltar aos devaneios que me salvam até 12:10.
Depois tudo é diferente, novo e bom. As vozes são as mesmas mas as conversas são diferentes e produtivas. O resto do dia é como eu gostaria que sempre fosse. Mas mesmo odiando ter que ir a aquele lugar eu sei que é lá que o meu ego se gaba, tem o seu momento narcisista e solene. Pelo menos melhor do que aquelas pessoas eu sou, e sempre vou ser. Pelo menos em relação a delas a minha vida é foda. Pelo menos em relação a toda aquela merda que eu encontro naquele lugar eu sou imensamente superior.

N.

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