No more happy ends

Desacreditar é para poucos. Pode-se desistir, esquecer, suicidar ou fingir que superou. Perder as esperanças e mesmo assim continuar seguindo em frente, equilibrando-se em um salto 15, é só para quem pode.
Seis e quarenta e cinco da tarde, Adriana Calcanhoto cantando a minha tristeza, um cigarro queimando quietinho no cinzeiro, minha garganta irritada por ter gritado a noite toda com ele. Não era para ter sido daquele jeito. Sempre aspirei a finais tão bonitos quanto o começo e o meio, infelizmente esses finais nunca foram muito com a minha cara.
Não quero que me entendam como uma mulherzinha-depressiva-melosa-apaixonada, é só que as vezes eu sinto vontade de jogar a toalha. Estou em um ringue. Os primeiros rounds já passaram. Apanhei para caralho, fiquei caida e sagrando e quase morrendo, depois levantei e continuei lutando. Agora é o intervalo. Deram-me tempo para respirar, lavar as feridas e pensar.
Deram-me tempo para pensar.
Nunca fui coerente, sensata, metódica ou sã. As minhas reações são sempre demais, os meus sentimentos são sempre elevados a enésema potência, eu sou sempre demais e nunca ninguém agüenta.
O cheiro dele ficou grudado no meu corpo, no meu cabelo, no lençol que ainda não tive coragem de mandar lavar. O cheiro de homem, sem perfume ou sabonete ou desodorante, o cheio de homem, bom para caralho.
Fiquei pensando em como as coisas chegaram ao ponto que chegaram. Fiquei tentando colocar a culpa em alguém, mas a verdade é que as histórias são diferentes entre si mas o final é sempre o mesmo.
Desacraditei em finais felizes, em histórias perfeitas, em amores sinceros e vagabundos, bonitos e reais. Desacreditei no fim.
A verdade é que a meia noite todas as Cinderellas voltam a ser gatas borralheiras e vai ser sempre assim até que os nossos príncipes encantados parem de ser tão encantados e passem a ser mais humanos.

N.