Wednesday, August 10, 2005

Parte 2- Exorcisar o que restou

Quinzeminutos: Sexo!

Meiahora: Amor!

Trêsdias: Dor.


A beleza do teto descascando ela nunca havia notado. Talvez fosse aquela sensação de leveza que mudara tudo. Como se tivesse tirado um estorvo que incomodava a cada passo, agora sentia-se livre para sonhar e viver como resolvesse, apenas por ela.

[ Apenas por ela. ]

Viver ditando suas próprias regras lhe pesava. Luana andava pela casa como se procurando algo para dominá-la outra vez. Precisava, mais do que qualquer outro precisar humano, de motivos para respirar.

Com as chaves em mão abriu a porta e foi para um bar. Aquele bar que usava para torturar-se de lembranças que doíam, mastigando uma dor para sempre e sem saber se queria cuspi-la e encerrar aquele ciclo.

Alguns dias sem ele. Liberdade gritando com todas as forças em cada lugar que ela ia. Era preciso decidir o que fazer com a sua nova situação. Álcool e cigarros pareciam mais do que suficientes naquele momento.

Bebeu e fumou até não poder mais controlar-se e seguir de volta para casa. Uma página em branco do computador já ligado. Era isso. Escrever para exorcizar toda a dor. Cuspi-la para longe. Livrar-se dos fantasmas.

Lembrou-se de tudo. Todos os segundos voltaram e ao acabar com tantas linhas sentiu-se verdadeiramente livre.

Livre para viver sem nada acompanhando-a a cada passo.

[ Livre. ]

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