Friday, October 21, 2005

Epifania



I'm lying here on the floor where you left me
I think I took to much
I'm crying here, what have you done?
I thought it would be fun
Dá-me um pouco disso que enche seu copo. Não, não diga-me o que é, não me importo com definições, elas não tirarão o peso de dentro de mim.

Esse cigarro que segura entre seus dedos, deixe-me tragá-lo e roubar de ti todo o câncer. Faça o vazio desaparecer, por Deus, faça-o sumir.

Ando pelas ruas, procurando um lugar certo que não sei onde é. Onde você guardou as certezas que eu levava no bolso? Preciso – um trago no primeiro cigarro do maço – de tudo aquilo que você tirou de mim. E se não for possível devolver, leve-me também. Coloque-me em seu bolso e siga comigo pela cidade.

[ Roube-me de mim, eu não consigo mais escapar do inevitável. ]

O fogo consome esse cigarro que seguro apertado – talvez por ser o único nesse mundo somente meu. Observo o reflexo no piso encerado, que essa noite chora.

Fora tirado de mim algo maior do que qualquer amor. Sim, uma paixão, mas não apenas outra dentre tantas.

[ Outras palavras, por favor. ]

Todo um dicionário, cada linha de todos os livros. Poderiam eles- aqueles que não sei quem são- tirar de mim tudo que me rodeia. Podiam me tirar você, depois de cair eu voltaria a andar.

Palavras não, nunca.

Um vazio me preenche de nada. Sinto-me sem alma, vagando. Nem todas as outras felicidades outrora inventadas podem existir se não posso descrevê-las.

Devolva-me as palavras. Depois você pode destruir-me por completo.

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